sexta-feira, 26 de junho de 2015

Sem capa de proteção



Descobri que trabalhar as emoções não implica necessariamente no ganho de uma capa super protetora que nos torna imunes à negatividade alheia. Quem dera fosse assim. Eu faria umas respirações, alguns exercícios, vestiria a capa e me tornaria uma espécie de Buda moderna. Mas não funciona assim. Então, em vez de pairar etérea sobre a humanidade ou lutar contra os moinhos de vento, decidi aceitar a minha própria fragilidade. É a primeira vez que escrevo a palavra fragilidade e a considero bonita. Foi sempre nas minhas tentativas de ser forte, aguentar o tranco, insistir para não parecer muito fraca, que eu mais sofri. Isso tem um pouco a ver com um texto que li ontem do Rubem Alves que diz o seguinte:


“Se você se julgar muito importante, então tudo dependerá de você. Mas se você se sentir humilde, então tudo dependerá de algo maior que você. Você estará, finalmente, nos braços de um Pai ou no colo de uma Mãe. E quem está nos braços do Pai ou no colo da Mãe pode dormir em paz…" . O texto inteiro está aqui https://rubemalvesdois.wordpress.com/2009/11/26/pastoreio/


É bom saber que me entregar à minha fragilidade pode fazer de mim uma pessoa mais feliz. As últimas semanas foram um pouco complicadas porque decidi me defender de situações complicadas usando minha força e minha agressividade. De certa forma funciona no sentido de me impor, mas o custo é tão alto. Acabo sendo uma pessoa que, no fim das contas, não reconheço.

 Mas para falar bem a verdade este último parágrafo não interessa. O que interessa é que, enquanto aprendo a lidar com novas situações, redescobri o prazer de ler Rubem Alves. Foi a Lian que me apresentou a ele quando eu ainda morava no Rio de Janeiro e sentia uma saudade crônica de casa. Depois disso, sempre que sinto uma uma nuvem cinza pairando sobre a minha cabeça, é a ele quem recorro para embelezar a vida.

 Na quarta-feira, depois de alguns exames médicos não muito animadores (nada grave também), fui até a livraria e encontrei um título promissor: “A Grande Arte de Ser Feliz”. E tem muito a ver com minha vida atual, sobre esta luta constante para colocar o ego em seu devido lugar e dar espaço às coisas mais simples e belas.

 Como naquele livro lindo do Érico Veríssimo chamado Olhai os Lírios do Campo. Um livro com um título desse tem alguma chance de ser ruim? Claro que não, né? É sobre um rapaz que foi muito pobre mas teve oportunidade de estudar e se tornou médico. Casou com uma mulher que não gostava e abandonou a que ele amava porque a primeira era mais rica. Ao final (contém spoilers!!!...rs) ele abandona a mulher e vai atender pacientes que não têm condições de pagar pelos tratamentos.

Tem coisa mais adorável do que renunciar ao ego e viver de acordo com a sua verdade?