Já devo ter falado por aqui
de um documentário brasileiro excelente chamado “Eu Maior”, que fala sobre os
diferentes caminhos que buscamos para a felicidade. Além de apresentar algum
norte para quem se interessa pelo desenvolvimento espiritual, o filme tem ainda
o mérito de mostrar que não há rigidez nesta procura. Ou seja, o que serve para
mim pode não ter significado para você.
Em tempos de tanta
intolerância religiosa, serve no mínimo para refletir sobre isso. E aí me
lembro das palavras de Buda, quando lhe disseram que já haviam ouvido muitos
ensinamentos e não sabiam que caminho tomar diante de tantas “verdades”. Ele
disse: “É muito simples. Ouçam com cuidado e testem. Experimentem em suas
vidas. Se o ensinamento trouxer benefício, sigam diligentemente. Se não trouxer
nenhum benefício, abandonem-no”.
E, como uma coisa puxa a
outra, minha terapia e meu interesse pela yoga aumentaram a minha curiosidade e
acabei me deparando com os ensinamentos budistas. Não sei quanto a você, mas
curto bem uma lista amiga que resume tudo em poucas palavras e nos encoraja
direto para a prática. Até porque foi o próprio Buda quem disse também: “Não
acreditem no que eu digo, testem por si próprios”. É a única solução.
Mas testar exatamente o quê?
Vamos ao que consegui extrair do livro Meditando a Vida, de Padma Samten.
- No budismo existem Quatro
Nobres Verdades sobre a vida e o Nobre Caminho Óctuplo para a libertação. As
Quatro Nobres Verdades são: a experiência de existência cíclica; o
reconhecimento de que a experiência cíclica é criada artificialmente; a
afirmação da possibilidade de dissolução da experiência cíclica; o Caminho
Óctuplo, que leva à dissolução da fixação na experiência cíclica.
- São esses os oito passos do
Nobre Caminho: abandonar a motivação de perseguir objetivos que não são capazes
de produzir uma felicidade duradoura e colocar-se na direção daquilo que pode
produzi-la; não praticar as dez ações não virtuosas em mente (avareza, aversão,
má vontade para com os outros, visão herética), de corpo (tirar a vida, rouba e
praticar conduta sexual indevida), de fala (falar rudimente, difamar, mentir e
falar inutilmente). O quinto passo inclui quatro qualidades incomensuráveis
(alegria, amor, compaixão e equanimidade) e seis perfeições (generosidade,
moralidade, paciência, perseverança, concentração e sabedoria). Os três últimos
passos referem-se à prática da meditação, ao desenvolvimento da estabilidade e
a prática da sabedoria transcendental. O oitavo passo é o reconhecimento da
pureza inerente não separativa.
Segundo o autor do livro, a
forma mais tradicional de introduzir esses ensinamentos é por meio da meditação
tranquilizadora, quando simplesmente nos sentamos e praticamos o primeiro dos
oito passos, e os outros seguem-se naturalmente. É basicamente ouvir o
ensinamento e meditar sobre ele. Mas é bom lembrar: a meditação sozinha não
adianta: é preciso aplicar os ensinamentos na vida cotidiana.