quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Ensinamentos budistas no livro "Meditando a Vida"



Já devo ter falado por aqui de um documentário brasileiro excelente chamado “Eu Maior”, que fala sobre os diferentes caminhos que buscamos para a felicidade. Além de apresentar algum norte para quem se interessa pelo desenvolvimento espiritual, o filme tem ainda o mérito de mostrar que não há rigidez nesta procura. Ou seja, o que serve para mim pode não ter significado para você.

Em tempos de tanta intolerância religiosa, serve no mínimo para refletir sobre isso. E aí me lembro das palavras de Buda, quando lhe disseram que já haviam ouvido muitos ensinamentos e não sabiam que caminho tomar diante de tantas “verdades”. Ele disse: “É muito simples. Ouçam com cuidado e testem. Experimentem em suas vidas. Se o ensinamento trouxer benefício, sigam diligentemente. Se não trouxer nenhum benefício, abandonem-no”.

E, como uma coisa puxa a outra, minha terapia e meu interesse pela yoga aumentaram a minha curiosidade e acabei me deparando com os ensinamentos budistas. Não sei quanto a você, mas curto bem uma lista amiga que resume tudo em poucas palavras e nos encoraja direto para a prática. Até porque foi o próprio Buda quem disse também: “Não acreditem no que eu digo, testem por si próprios”. É a única solução.

Mas testar exatamente o quê? Vamos ao que consegui extrair do livro Meditando a Vida, de Padma Samten.

- No budismo existem Quatro Nobres Verdades sobre a vida e o Nobre Caminho Óctuplo para a libertação. As Quatro Nobres Verdades são: a experiência de existência cíclica; o reconhecimento de que a experiência cíclica é criada artificialmente; a afirmação da possibilidade de dissolução da experiência cíclica; o Caminho Óctuplo, que leva à dissolução da fixação na experiência cíclica.

- São esses os oito passos do Nobre Caminho: abandonar a motivação de perseguir objetivos que não são capazes de produzir uma felicidade duradoura e colocar-se na direção daquilo que pode produzi-la; não praticar as dez ações não virtuosas em mente (avareza, aversão, má vontade para com os outros, visão herética), de corpo (tirar a vida, rouba e praticar conduta sexual indevida), de fala (falar rudimente, difamar, mentir e falar inutilmente). O quinto passo inclui quatro qualidades incomensuráveis (alegria, amor, compaixão e equanimidade) e seis perfeições (generosidade, moralidade, paciência, perseverança, concentração e sabedoria). Os três últimos passos referem-se à prática da meditação, ao desenvolvimento da estabilidade e a prática da sabedoria transcendental. O oitavo passo é o reconhecimento da pureza inerente não separativa.

Segundo o autor do livro, a forma mais tradicional de introduzir esses ensinamentos é por meio da meditação tranquilizadora, quando simplesmente nos sentamos e praticamos o primeiro dos oito passos, e os outros seguem-se naturalmente. É basicamente ouvir o ensinamento e meditar sobre ele. Mas é bom lembrar: a meditação sozinha não adianta: é preciso aplicar os ensinamentos na vida cotidiana.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Consumo consciente

Quando estava fazendo minha especialização em comunicação me deparei com um modelo interessante de consumo denominado consumerismo, em oposição ao consumismo. Foi um tema que particularmente me interessou porque sou muito controlada com as minhas finanças, mas ainda assim sinto que faço muitos gastos desnecessários com objetos que nem sei a procedência. E o consumerismo é exatamente isso: comprar com consciência, o que incluir frear os impulsos desnecessários mas também optar por um consumo ético, responsável e solidário.


Para mim não tem ação mais yogue do que a de agir conscientemente em todos os aspectos da vida. E o consumo, é claro, não poderia estar de fora. Até porque os resultados de nossas ações afetam a todos, e temos de pensar nas gerações futuras que merecem ter qualidade de vida em vez de viver em um planeta soterrado por objetos inúteis.


Há várias abordagens sobre o tema, mas sugiro aqui um documentário chamado The True Cost que conta a história não-oficial das roupas que “inocentemente” usamos, sem pensarmos no peso das nossas escolhas.




E aqui um artigo um pouco mais detalhado sobre o assunto

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Meditando a vida



Há duas formas de aprender sobre impermanência: meditando sobre o seu sentido ou vivenciando da forma mais dolorosa. Gosto de pensar que tenho a primeira alternativa à minha disposição. Mas, se é para ser sincera, confesso foi só quando estive prestes a perder algo muito precioso que a lição se fixou.

Não tem que ser assim com todo mundo. Muito sofrimento pode ser evitado quando nos atentamos para verdades tão simples. Nós buscamos incessantemente a estabilidade - na família, na profissão, na conta bancária - mas um dia nos deparamos com essa simples verdade: nada é imutável. Quantas teorias científicas que pareciam tão bem embasadas não caíram por terra? Se a ciência é assim, imagina a nossa vida.

A impermanência é uma lei universal e basta refletir um pouco sobre ela para entender como é verdadeira. Imagine-se há 10, 15 anos atrás. Quem você era? Onde morava? Com quem se relacionava? Quais as pessoas que você temia que não fizessem mais parte da sua vida e que agora se foram - e, para dizer a verdade, você nem sente tanta falta delas?

Não digo que é fácil perceber que aquilo pelo qual lutamos já não nos pertence mais. Deixar ir é uma tarefa muito difícil - e os casos de violência contra a mulher (recheados com boas doses de machismo) estão aí para mostrar que é preciso muita maturidade emocional para entender essa dinâmica da vida. Mas pensar um pouco sobre tudo isso pode ser uma boa maneira de evitar sofrimentos desnecessários.

Por isso deixo aqui uma indicação de leitura muito legal sobre isso. É o livro “Meditando a vida”, do Lama Padma Samten, que reflete sobre estes e outros princípios do budismo. É um livro tão leve, gostoso e cheio de sabedoria que seria uma pena não escrever aqui sobre ele.

O livro fala sobre as práticas na vida cotidiana (é bom saber que a gente não precisa virar monge para evoluir espiritualmente!), meditação, superação de crises e paz no cotidiano. Vai fazer a diferença para quem começa a trilhar este caminho de evolução espiritual.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Yoga requer vivência

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Pouco adianta ler sobre os princípios da yoga sem vivenciá-los em seu cotidiano. Yoga requer prática, rotina e determinação para alcançar os resultados desejados. Requer sobretudo uma postura amigável consigo mesmo, de persistência sem violência contra a própria natureza.

Para o ansioso em particular, é comum querer os resultados para ontem. Mas eles só aparecem com o tempo, e cada pessoa tem o seu. Pela mesma lógica deve-se afastar a tendência de se martirizar toda vez que não você consegue alcançar os resultados que, para outros, parecem tão óbvios. Comece nesta nova vida com calma e respeito ao seu ritmo.

Entender o seu ritmo, contudo, não é desculpa para a displicência. O trabalho de abandonar a ansiedade por meio da yoga tem de ser mesmo de formiguinha, ou seja, avançar cada dia um pouco. Nos meus primeiros dias de aulas de yoga já senti necessidade de incorporar os exercícios na minha rotina diária. Fez toda a diferença. Tentava me recordar das aulas e, se tivesse dificuldade, recorria a vídeos na internet. Ajuda muito, desde que se tenha o cuidado de buscar as aulas para seu estágio de aprendizado. Depois passei a procurar as posturas em livros e revistas. O Meditando com o Yoga, do Stephen Sturgess, por exemplo, traz sugestões de práticas diárias de 15 minutos, meia  hora, duas horas. Recomendo a leitura.

Não creio que a prática em casa substitua as aulas. Embora eu tente me desconectar de tudo durante o período que destinei para o relaxamento, a concentração não é a mesma da que conquisto durante uma aula. E a experiência e conhecimento do professor são fundamentais em qualquer processo. Por isso tenha isso em mente: unir aulas e rotina diária é que fará a diferença na sua vida.

Deixo aqui uma sugestão de sessão matinal de 15 minutos (do livro que mencionei acima), que tem o intuito de energizar e conferir maior vitalidade para o seu dia. São dois vídeos e um link com explicações detalhadas.

Práticas de purificação

·         Nadi Shodhana - 5 minutos
·         Agnisara Kriya - 5 minutos

Prática de meditação
·         Hong Sau - 5 minutos
·         Hong Sau

É fato: a cura depende de trabalho integrado entre corpo e mente

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Quanto mais mergulho no conhecimento sobre Yoga, mais acredito na doutrina advaita que diz que nada se passa na mente sem que o corpo manifeste e nada se passa no corpo sem que a mente acuse, como bem descreveu o professor Hermógenes no livro Yoga para Nervosos. Hoje acredito na necessidade de se fazer um trabalho integrado para que seja possível a cura das doenças do corpo e da alma. Nenhum cuidado com si mesmo pode ser negligenciado.

Essa percepção eu tive de forma muita clara na Terapia Energética Corporal, que realizo desde outubro do ano passado. Esta técnica tem como eixo a conexão entre energia, vida e consciência (saiba mais no linkhttp://www.dimascalegari.med.br/tecnica.htm). Por meio dela o terapeuta nos estimula a falar sobre o que sentimos naquele exato momento e, na sequência, o corpo é trabalhado de forma a liberar as emoções, sentimentos e crenças.

É o momento em que você percebe vários bloqueios desenvolvidos ao longo dos anos. No meu caso sinto que o bloqueio mais forte é o do anel diafragmático, o que segundo Dimas Caligari, que é quem desenvolve o trabalho no Brasil, dificulta a digestão e causa um controle excessivo das emoções.

Funciona mais ou menos assim: ao me deparar com algum sentimento que temo não saber lidar, inconscientemente escolho reprimir em vez de vivenciar. E faço isso comprimindo o meu diafragma, o que gera desconfortos e até doenças no corpo.

A Yoga é de grande ajuda neste sentido, pois fortalece e relaxa as áreas onde vamos desenvolvendo nossos bloqueios. A ansiedade, claro, é um desses males que afetam enormemente a nossa saúde. Por isso é preciso combatê-la em várias frentes. 

Não adianta apenas engolir um remédio que serve apenas para mascarar a causa. Esta precisa ser diagnosticada, compreendida e trabalhada para ter o seu padrão modificado. E é justamente isso que as posturas da yoga fazem: elas interferem na mente expandindo-a, acalmando-a, flexibilizando-a e possibilitando a cura de forma integrada.

O momento presente manda a ansiedade embora

Em uma aula de yoga você vai sempre perceber que o professor te convida sempre a vivenciar o momento presente. Ele não fala em algo abstrato, como se fosse preciso abandonar todos os seus afazeres para viver uma “vida louca”. Perceber o seu corpo, as luzes do ambiente, as sensações, tudo isso te tira da armadilha da mente que te deixa preso ao passado – o que te deprime – ou ao futuro – o que te enche de incertezas e ansiedade.

A mensagem mais transformadora que a yoga pode ensinar é essa: viva o presente. O agora é o melhor caminho para a felicidade. Tente neste momento: em vez de pensar nas tarefas que têm, só perceba a sua respiração. Ou o aroma da sala. Foque exatamente no que você está sentindo. Isso é desenvolver a atenção plena.

Claro que no começo não é tão simples, porque um padrão errado já foi estabelecido ao longo dos anos. Mas saiba que o ruído interno incessante pode ser dominado. Tudo é uma questão de ser gentil consigo mesmo durante o aprendizado e não se martirizar toda vez que seus resultados não corresponderem aos seus esforços.

Um livro interessante que sobre os benefícios do silêncio é O Poder do Agora, de Eckhart Tolle, que é denominado de guia para a iluminação espiritual. Nos primeiros capítulos o autor fala da nossa identificação com os nossos pensamentos, que nos faz acreditar que são a nossa essência. A verdade, contudo, é que não somos os nossos pensamentos.

Perceber isso requer um pouco de prática. Você deve acionar um “Eu Observador”, algo que está além da sua mente e te permite observar os seus pensamentos. Tente fazer isso agora, ao ler essas palavras. É provável que você formule algum julgamento sobre elas. Preste atenção ao que sua mente diz. Aquele que observa o que você diz é o seu Eu Observador.

Essa é uma forma de se perceber seus padrões destrutivos e concepções errôneas que carrega. Frases que repetimos a todo momento – não sou competente para isso, não sei cuidar de animais, não consigo guardar dinheiro – e que acabamos por estabelecer como verdade suprema aos poucos vão ruindo.
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Porém, tão ou mais importante do que observar os pensamentos é fazer o esforço para viver mesmo no agora. Se tudo isso te parece abstrato demais, uma forma interessante de começar é tentando a meditação do chá

Veja como ela é feita:

* Prepare um chá de sua preferência.
* Escolha uma música bem tranqüila e suave.
* Sente-se numa posição confortável e procure relaxar o
corpo e a mente.
* De olhos fechados, comece a tomar o chá gole por gole, bem devagar.
* E aos poucos, relaxe o corpo enquanto absorve o calor do chá.
* Concentre-se em cada gole, sem pressa alguma.
* Sinta a gostosa sensação do chá aquecendo-o por dentro.
* Faça isso com bastante calma e suavidade.

Com um pouco de prática é possível fazer isso em outros momentos da sua vida. Além de ajudar a reduzir a ansiedade, esse tipo de exercício te faz ficar mais focado nas suas atividades rotineiras. 

Saiba porque você é ansioso e como a yoga pode mudar esse padrão

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terça-feira, 20 de outubro de 2015

Meditando com Yoga


Confesso: comprei mais um livro sobre yoga. Eu simplesmente não consigo superar este assunto! Aliás, quando mais leio, mais me interesso. É tanta coisa para aprender! Ontem, como tinha trabalho no shopping (sim, minha profissão tem momentos inusitados), passei na livraria e encontrei o “Meditando com o Yoga”, do Stephen Sturgess. Parece ótimo, acho que devia ter começado meus estudos por aí. Explica de forma bem simplificada os princípios da yoga, traz exercícios de respiração e meditação, posturas...além de ser lindamente ilustrado. Só passei para deixar essa dica.


terça-feira, 6 de outubro de 2015

Corpo e mente: tudo junto e misturado

A doutrina advaita defende - simplificando bem aqui a minha explicação - que nada se passa na mente sem que o corpo manifeste e que nada se passa no corpo sem que a mente acuse. É isso que tenho aprendido desde que comecei a minha terapia, há um ano. É incrível como o corpo nos comunica coisas que a mente insiste em esconder. Foi prestando atenção nos efeitos que cada gesto ou palavra fazem no meu corpo que comecei a identificar as situações que me incomodam e as pessoas com quem não me relaciono bem.

A minha parte exigente, por exemplo, adora atacar a área que fica ali no estômago (anatomia não é o meu forte, então ignore qualquer erro grotesco...rs). Quando alguém me magoa, o coração fica bem pequeninho e apertado (ah, essa é fácil!!!...rs). E a raiva acerta em cheio o pobre do meu diafragma. Descubro que tive dias difíceis quando, na terapia, encontro vários pontos de tensão espalhados pelo corpo. Tensões que vão muito além ali da região das costas. Aí é um sofrimento só para desbloquear tudo isso. Minha mandíbula, outro ponto onde acumulo a raiva, até hoje não está pronta para partir para o mundo (rs).

Na terapia corporal esse trabalho é bem direcionado, mas a yoga também é maravilhosa para aprendermos a descontrair todos os membros do nosso corpo. Por isso, quando desenrolo o meu tapetinho, tento fazer um trabalho que alcance os grupos musculares dos pés à cabeça. É um trabalho intuitivo, claro, porque ainda não estudei yoga como pretendo (um plano para o futuro!).

Depois que tomei consciência de como corpo e mente no final são uma coisa só, parei de me envergonhar pelos muitos minutos dedicados a atividades como natação, luta, bicicleta, corrida...Realmente percebi como tudo isso me faz muito, mas muito bem, e vi que não era só a questão estética que contava. Hoje, se minha mente está me enlouquecendo, me entrego sem culpa a qualquer coisa que me ajude a voltar ao meu centro. E, quando sou eu quem já estou no comando, gosto de fazer a meditação para me manter equilibrada.

Em breve serei muito boa nisso tudo.