quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Do inferno ao céu

Fiquei um pouco sumida por estes dias porque, para dizer a verdade, não estava me sentindo muito “evoluída” para escrever algo que pudesse ajudar quem quer que fosse. Na verdade enfrentei uma bruta TPM, em proporções que até então eu desconhecia. Só que, em vez de apenas me chatear com a presença dela (que me roubou energia e humor), fiquei observando toda a minha negatividade escondida por trás da endorfina que busco incessantemente nos exercícios. E percebi que ainda tenho muito, muito trabalho pela frente. Que mesmo com todo o trabalho terapêutico e seus impressionantes resultados, ainda posso sucumbir a momentos de extrema infantilidade que me fazem questionar o verdadeiro significado de ter 34 anos. Me dei o direito de ficar recolhida no meu “tempo de rede”, como a minha terapeuta costuma contar que as índias fazem no seu período de TPM. Mas depois que a tal se foi...que céu ensolarado! Que lindo o universo! Quanta energia acumulada pude extravasar correndo (bati até meu recorde!), cantando, dançando, sorrindo. No fim de tudo a alegria do fim da TPM foi explosiva. E constatei que viver é bom - pelo menos uns 27 dias no mês.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

De como uma série sobre zumbis trata de evolução espiritual



Quando expandimos um pouco mais nossos horizontes percebemos que as pessoas falam de diferentes formas de um mesmo assunto que antes ignorávamos completamente. E essa sensação acontece da forma mais improvável. Aconteceu comigo quando assisti ao penúltimo episódio daquela série de zumbis.

Não vou saber dar nome aos bois (por absoluta falta de conhecimento), mas o personagem principal do referido episódio era um homem atormentado que viu a violência como a única forma de sobreviver em um mundo dominado por zumbis e pessoas desesperadas. Ele estava mentalmente doente e, quando mais acreditava na própria maldade, mais se afundava nesse buraco. Até que conheceu um psiquiatra que mostrou para ele que o passado não precisava definir o seu futuro e que, em meio àquele lodo, ele podia se reerguer e encontrar a bondade perdida no próprio coração. Tive de dar o braço a torcer e reconhecer a série, que na maioria das vezes me parecia apresentar só uma violência gratuita, tem mesmo discussões relevantes.

Achei curiosa essa história dentro de uma série sobre zumbis porque tenho visto essa mesma discussão em diferentes filmes e livros. Os livros que explicam isso da forma mais didática possível, e que já mencionei algumas inúmeras vezes por aqui, são os da Eva Pierrakos. Resumindo bem do que tratam, o Guia que teria (uso “teria” por um esforço jornalístico) ditado as palestras para ela diz que todo ser humano é composto de três camadas: o Eu Máscara (que usamos socialmente para sermos aceitos), o Eu Inferior (tudo que temos de ruim e que queremos esconder dos outros) e o Eu Superior (que seria a nossa verdadeira essência, de bondade). Quanto mais acreditamos no Eu Idelizado, que é a Máscara, mas nos angustiamos e afundamos. Quanto mais acreditamos que somos o Eu Inferior, mais nos entregamos à maldade. A saída é reconhecer que somos nosso lado ruim, sim, mas que o nosso eu mais verdadeiro é bom, puro e capaz de promover as mudanças positivas.

Incrivelmente é disso que se trata o último episódio de The Walking Dead.


segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Um post diferente sobre minha revolta com o machismo



Leio na internet que Goiânia é a quinta capital mais violenta para as mulheres. Não tem como ler uma notícia chocante como essa sem pensar nas inúmeras vezes em que somos agredidas, mesmo que não fisicamente, pelo simples fato de sermos mulheres. É um tema que me sensibiliza cada dia mais pois percebo que, ao contrário do que eu supunha, não estamos conseguindo avançar.


O que eu são homens que se acham donos das mulheres - e, em nome do direito à propriedade, acreditam que podem até matar -, meninas ainda muito jovens defendendo o discurso de que “mulher precisa se dar ao respeito”, pessoas do nosso convívio mais íntimo corroborando a ideia arcaica de que feminismo é coisa de mulher que não gosta de homem.


Não me lembro bem onde li um texto maravilhoso que diz que, ao contrário do que muitos pensam, feminismo não é similar ao machismo. Enquanto o machismo tenta a todo custo subtrair direitos femininos, tudo o que o feminismo quer é que as mulheres tenham oportunidades iguais. Eu não quero que as mulheres dominem o mundo e, por vingança, ensinem ao homem o que é viver numa sociedade matriarcal. Acredito muito na ideia de complementar, de yin e yang, de unir qualidades que, por força da cultura, cada um de nós ressalta mais.


Embora eu tenha uma vida que muitos podem achar careta, e amar loucamente o cor-de-rosa (rs), sempre pensei que para viver em um mundo melhor a gente precisava de liberdade para sermos o que realmente somos. Para mim esta tem de ser a principal bandeira do feminismo: dar à mulher a liberdade de ser exatamente o que ela quer, sabendo que em momento algum é o homem quem vai determinar isso. Se a vida no lar cuidando dos filhos é a mais significativa, sou a primeira a defender que seja assim. Se a mulher quer viver para o trabalho, não ter filhos, se vestir com roupas consideradas masculinas, depilar, não depilar, tosar o cabelo, deixar os fios batendo no chão, casar virgem, dar para cem em uma noite - problema é dela! É tão simples que me custa perceber que tantos encarem como sendo tão complicado.


Esses dias vi uma campanha na internet sobre o primeiro assédio e, por incrível que pareça, fiquei muito chocada com os relatos. Eu tinha uma vaga noção de que toda mulher passava por algo assim, mas como é tudo sempre tão velado a gente acaba perdendo um pouco a consciência da realidade. Mas a verdade é o que assédio, a agressão contra as mulheres é diário. Até para mim que já sou adulta, bem informada e emocionalmente forte, às vezes me pego sem reação diante de certas situações. Como quando, por exemplo, estou andando na rua e ouço cantadas baratas e saio totalmente desconcertada. Minha vontade é ir lá, discutir, brigar, até bater se for o caso, mas a coragem cadê? Não me sinto protegida em um mundo em que dizem que “se mexeu é porque você estava provocando”, “ué, que é que tem, toda mulher gosta de elogio”.


Eu vejo esse tipo de coisa acontecendo o tempo todo e a única dúvida que me corrói é: será que é tudo filho de chocadeira? Onde está a empatia, onde está o respeito, o amor ao próximo? Enfim, qualquer coisa que me faça ter um fio de esperança de que um dia isso vai mudar? Acho o cenário desesperançoso porque qualquer movimento no sentido de defender a mulher é sempre visto com chacota, classificado até de esquerdista (o que tem a ver, meu Deus!!!), seguido de piadas ainda mais absurdas de pessoas que não têm noção da gravidade desse problema. Para mim há uma conexão muito sutil entre o homem que justifica o ciúme como amor e o feminicídio. Em poucas palavras: ciúme (amigão do machismo) não é bonito e é a porta de entrada para a violência.


O problema do machismo e suas consequências se combate é pela raiz. Por isso cada vez mais tenho evitado ficar calada diante de tantos absurdos. Não sei se vou conseguir mudar algo, mas só de extravasar as minhas angústias já está valendo. É isso. Só queria desabafar.