sexta-feira, 15 de abril de 2016

Em cada lago a lua toda brilha

Textão que escrevi sobre meus primeiros aprendizados na Unipaz ;)
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Há muitos caminhos passíveis de levar o ser humano a um estado mais elevado de consciência. Pode ser um chamado divino, um momento inspirador, a experiência de morte ou doença, ou até mesmo a firme convicção de que a vida pode ser bem mais do que se apresenta aos nossos olhos. Dentro de tantas possibilidades é produtivo voltar a atenção por agora ao que poeticamente chamamos de “a noite escura da alma”, traduzida como um período de crise precedido por uma transformação.

Embora seja um conceito bastante ligado aos místicos e religiosos, não é de todo desconhecido de grande parte da humanidade. Temos o primeiro contato com ele ainda com poucos anos de idade, quando os contos de fadas habitam o nosso imaginário infantil. Por meio deles conhecemos histórias de heróis e heroínas que só alcançaram a felicidade depois de enfrentarem desafios grandiosos. Para que João e Maria fossem dignos do amor do pai tiveram antes de vivenciar a dor do abandono e matar a bruxa malvada no caldeirão incandescente.

É uma metáfora bela e valiosa de que a literatura se vale para explicar o período que antecede mudanças significativas no modo de viver e encarar a vida. Do ponto de vista de um buscador dos novos tempos, pode-se dizer que da visão obscurecida, causadora de sofrimento, passa-se à possiblidade de ter a um olhar mais aprofundado em relação à realidade que nos cerca.  Neste jogo de luz e sombra, é a verdade que se revela.

Atravessar a noite escura da alma é, sem dúvida, um convite para um novo agir no mundo. Há uma concepção bastante popular de que velhos hábitos não produzem novas realidades. Por isso a prudência nos diz que, se forem mantidos, mais adiante o sofrimento que geramos irá se voltar novamente contra nós. Se há a convicção de que o simples ato de viver encerra em si a possibilidade de sofrer, aprende-se por outro lado que é possível minimizar as dores produzidas por nossas atitudes inconscientes.

Dentro da tradição do budismo, que a Monja Coen nos apresentou durante sua passagem pela Unipaz de Goiânia no em fevereiro de 2016, há a visão de que os apegos são responsáveis por uma considerável parcela dos sofrimentos humanos. O ciúme por exemplo, um sentimento infelizmente tão rotineiro na vida dos casais, nasce da sensação de que o outro é um objeto que nos pertence e que não podemos perdê-lo.

Em sua fala Monja Coen abordou uma das soluções para este problema, que é a necessidade de cultivarmos o desapego e buscarmos a suficiência durante a nossa permanência nesta encarnação. Trata-se de não querer nem mais e nem menos para as nossas vidas, mas o suficiente para que haja plenitude sem acúmulo desnecessário.

É preciso focar no exercício diário de perguntar com sinceridade ao próprio coração: isso me satisfaz? É o suficiente? Traz contentamento? Eis algumas das perguntas que normalmente não nos fazemos. E assim seguimos acumulando bens, mágoas e carências. O poeta Fernando Pessoa sintetiza a beleza da suficiência e da conexão com o Ser em de seus poemas mais conhecidos, que vale a pena reproduzir aqui.


Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.



Metáfora da noite escura

O que a metáfora da noite escura traz é que, ao findar a escuridão, os raios de sol irão invadir nossos olhos e revelar o amanhecer. Em outras palavras, quem vivencia esse processo percebe que, ao lançar luz sobre os aspectos mais sombrios do seu Ser, pode enfim mudar as suas ações.

Durante esse rito talvez seja útil compreender a divisão que Eva Pierrakos nos traz em todas as suas obras - e destacam-se aqui “O Caminho da Autotransformação” e “Não temas o Mal” -, trazidas ao mundo por meio de um espírito que se autointitulou como “Guia”. Segundo o Guia, o ser humano é composto de três partes distintas. Convém prestar bastante atenção a essa divisão pois a tendência natural do ser humano é acreditar que apenas um dos seus lados compõe toda a realidade do seu Ser.

O Eu Inferior seria a nossa sombra, ou seja, tudo aquilo que nos esforçamos para manter no porão do nosso inconsciente. São nossos aspectos mais mesquinhos, egoístas, fúteis e agressivos. O Ego é a forma com que queremos que os outros nos vejam. A profissional competente, a filha atenciosa, a mãe cuidadosa. E, finalmente, o Eu Superior, que carrega em si nossas melhores qualidades e nosso desejo de nos abrir a experiências amorosas - colocadas aqui em seu sentido mais amplo.

É conhecida a história de um velho monge que, certa vez, descreveu aos aprendizes seus conflitos internos.

“Dentro de mim existem dois cães, um é cruel e mau, o outro é bom e dócil. Os dois estão sempre a lutar um contra o outro.” Quando lhe perguntaram qual iria vencer essa luta, ele respondeu: “Aquele que eu alimentar”.

Em seu livro “A Sabedoria da Transformação - Reflexões e experiências”, Monja Coen relata uma história similar, usando os opostos “céu” e “inferno”.

“Um samurai (espadachim do Japão antigo) estava repousando debaixo de uma árvore quando passou um monge budista. Ele não acreditava em nenhuma tradição espiritual. Era um homem duro e seco. Quantas vezes desembainhara sua espada? Quantos corpos havia mutilado? Quantos por sua lâmina haviam morrido? Já perdera a conta. Ao ver o monge, chamou-o e o interpelou: “Essa história de céu e inferno que vocês, budistas, conta é pura mentira. Onde fica esse céu, essa terra pura? E onde está o inferno?
O monge o escutou atentamente e, em seguida, respondeu. “Você é um samurai muito burro e lento. Sua espada não serve para coisa alguma”. Furioso, o samurai se levantou e começou a desembainhar a espada: “Como ousa falar assim comigo?”. O monge disse, sorrindo: “Isso é o inferno”. O samurai parou e, em vez de tirar a espada da bainha, colocou-a mais para dentro. “Isso é o céu”, disse o monge. E continuou sua caminhada.


Encontrando a voz interior

Desde o momento em que nascemos somos cobrados por nosso papel no mundo. Os pais criam expectativas em relação ao nosso futuro e à nossa personalidade. A escola, a sociedade, a família nos impõem regras de convívio, ditam o certo e o errado e, na ânsia de produzir um cidadão que atenda a tantas demandas, acabam por abafar a nossa voz interior. A tal ponto que, mesmo decididos a ouví-la, não somos capazes de fazê-lo.

O que queremos realmente em nossas vidas? Que caminho tomar? O que faz sentido para nós? Qual nosssa verdadeira missão na Terra? Sem conseguir discernir nossos anseios, acabamos copiando trajetórias que outros traçaram.

Ouvindo apenas aos apelos de terceiros somos presas fáceis de condicionamentos  que se perpetuam. Agimos no mundo de forma praticamente automática, sem refletir - ou mesmo sentir - o significado do que estamos vivendo. A nossa tentativa de nos encaixarmos em moldes pré-estabelecidos é o retrato mais fiel do quanto nos esquecemos de ouvir a nossa voz interior.

É dentro desse processo que a maioria das pessoas acaba adquirindo a doença da normose, que pode ter efeitos ainda mais devastadores do que a neurose e a psicose. No livro “Normose - A patologia da normalidade”, os autores Pierre Weil, Jean-Yves Leloup e Roberto Crema nos trazem algumas definições do termo. Resumirei algumas delas nos tópicos abaixo.

  • “A normose pode ser considerada como o conjunto de conceitos, valores, estereótipos, hábitos de pensar ou de agir aprovados por um consenso ou pela maioria das pessoas de uma determinada sociedade que levam a sofrimentos, doenças e mortes. Em outras palavras: que são patogênicas ou letais, executadas sem que seus autores e atores tenham consciência da natureza patológica”. (página 18)

  • “A característica comum a todas as formas de normoses é seu caráter automático e inconsciente. Podemos falar do espírito de rebanho. A maior parte dos seres humanos, talvez por preguiça e comodidade, segue o exemplo da maioria. Pertencer à minoria é tornar-se vulnerável, expor-se à crítica”.

  • “A normose significa estar estagnado, estar retido, seja numa imagem, seja num sintoma. É o momento de dar um passo a mais.”

  • “Toda normose é uma forma de alienação”

A comparação da normose com a alienação é importante quando pensamos, por exemplo, na questão ambiental. Recentemente assistimos a uma polêmica envolvendo o ator Rodrigo Hilbert, que assina o programa Tempero de Famílina no Canal GNT. Ao tentar abordar o tema da procedência dos alimentos, ele abateu um carneiro em frente às câmeras, o que causou o choque de muitos telespectadores que ameaçaram boicote ao programa.

Como explicar que tantas pessoas que consomem carne diariamente, fazendo uso de alimentos que constam nas prateleiras do supermercado, se choquem com o fato de um animal ser abatido para servir de alimento? Quantas dessas pessoas que levantaram suas vozes são, efetivamente, veganas ou vegetarianas?

É uma questão interessante que deve ser analisada. Alienadas do processo, sem visualizar a cadeia produtiva - ou seja, os atos de plantar, colher, abater, embalar, transportar -, acabamos não percebendo como somos intoxicados com produtos maléficos que, além de desequilibrar o Planeta, atacam seriamente a nossa saúde.

Alienados da realidade da matança dos animais, aceitamos de bom grado consumir carnes de animais que não apenas deram involuntariamente suas vidas mas que, durante seu curto período na Terra, foram submetidos a condições degradantes de sobrevivência. Não seria o momento de avançarmos em nossos princípios éticos e estabelecermos um novo paradigma no consumo dos alimentos?

Mas não é só na alimentação que estamos de olhos vendados. A alienação permeia quase toda a nossa realidade. Karl Marx já nos falava sobre isso, usando exatamente este termo, ao tratar da questão do trabalho. São tantos os momentos que estamos apartados da realidade, inconscientes, que não percebemos como isso afeta os nossos relacionamentos, o Planeta, o bem-estar social. Disso também tratam com muita profundidade os autores no livro Normose.

  • “Os automatismos se dissolvem mediante a tomada de consciência”.

  • “Quando aprendemos a escutar a voz interior, da verdadeira sabedoria, tornamo-nos livres”.


O exemplo de São Francisco de Assis

Um dos santos mais conhecidos do catolicismo, São Francisco de Assis nos traz um retrato enriquecedor de como a recusa à normose é capaz de mudar paradigmas e produzir riquezas espirituais que não perecem com o tempo.

Para entender melhor como isso ocorreu, deixo aqui a indicação do lindíssimo filme “Irmão Sol, Irmã Lua”, que conta de forma romantizada a história do santo. A narrativa é de todos conhecida: um rapaz rico que se despe de toda a sua riqueza material para ir viver com os pobres e pregar o Evangelho. Aos olhos da sociedade da época, São Francisco de Assis não passava de louco, que abraçava os leprosos e vivia com os famintos que se fosse um dos seus.

No obra “Terapeutas do Deserto”, o teólogo Leonardo Boff nos fala sobre o rótulo de louco que São Francisco de Assis adquiriu e, de bom grado, aceitou.

“Francisco reúne os frades e lhes pergunta qual o caminho a seguir. Eles insistem em que Francisco siga as regras já existentes de Santo Agostinho, São Bento, São Basílio. Trazem inclusive um cardeal, para convencê-lo. Ele se levanta e diz: “Meus irmãos, meus irmãos. Não me falem de Santo Agostinho, não me falem de São Bento, não me falem de nenhum santo fundador de regra alguma porque Deus me chamou para seguir o caminho da simplicidade, porque Deus quis que houvesse um novo louco nesse mundo.”

Um louco é de fato alguém que perdeu a conexão com a realidade? Ou alguém que adquiriu uma percepção mais aprofundada desta? É uma pergunta que devemos nos fazer ao refletirmos sobre a normose. Considerado louco em sua época, São Francisco é hoje um dos santos mais conhecidos do catolicismo e tem o respeito até mesmo de outras religiões, que enxergam nele a manifestação do Divino.

Caminhos para ouvir a voz interior

Voltando ainda ao enigma da nossa voz interior, como, então, acessar o que há de mais verdadeiro dentro de nós? Os caminhos, como já foi dito, são muitos. Mas há uma visão unânime de que não é possível ouvir a voz interior em meio à turbulência da mente. Parar, respirar, se centrar. Em suas palestras de abertura do semestre da Unipaz Goiás, a Monja Coen e a filósofa Dulce Magalhães por repetidas vezes tocaram nesse ponto.

Mas apenas pensar sobre isso não é o suficiente. O esforço intelectual jamais conseguirá suplantar a vivência. É necessário experimentar. Foi esse o convite que ambas fizeram durante suas passagens por Goiânia. A Monja Coen, de tradição espiritualista, nos ensinou a sentar em posição zazen, respirar profundamente e silenciar a nossa mente por alguns instantes para, no jarro vazio, derramar novas lições. Dulce Magalhães também reforçou a importância da meditação, mas nos trouxe técnicas para energiarmos o corpo e nos conectarmos com nosso Eu Verdadeiro.

Como escolher dentre tantas opções é uma questão que merece ser levantada. A complexidade da natureza humana exige diferentes formas de abordagem. Sobre isso nos falou a facilitadora Hélyda Di Oliveira ao explicar o trabalho holístico desenvolvido pela Unipaz. Há pessoas que se identificam com a ciência, com as questões intelectuais, as artes ou as tradições espirituais. É tateando que vamos descobrir o que nos serve.

Uma experiência desafiadora que a Unipaz nos traz são as danças circulares. Por meio delas conectamos nossa energia a de outras pessoas, num sentido de integração que é finalidade maior da nossa presença do mundo. Sair da ilusão de que somos seres apartados é uma meta sonhada durante nossa passagem pela Unipaz.


Experiência pessoal

Durante a fala de apresentação dos colegas que frequentam o curso de Formação em Yoga notei quão diversas podem ser as trajetórias que nos levaram até a Unipaz. Alguns já trilharam uma boa parte do caminho rumo à autotransformação, outros estão apenas no início do processo. O que nos une a todos é o anseio de crescer espiritualmente, mesmo que para isso seja preciso sair da zona de conforto.

Nesta conclusão prefiro deixar o meu relato pessoal sobre como está sendo a experiência na Unipaz. Como Hélyda abordou em sua aula, algumas pessoas são mais mentais, sentimentais ou emotivas que as outras. Me identifico muito com o lado mental e, na maior parte da minha existência, procurei fazer minha leitura de mundo através da intelectualidade.

Mas, por mais que pensasse sobre o sentido de certo e errado, por mais que julgasse perceber as mudanças que o mundo precisava do ponto de vista da lógica, sentia que minha alma não era tocada. Foi na terapia que percebi como bloqueava meus sentimentos para evitar o sofrimento. O alerta de que algo estava errado estava na minha angústia crescente, que só consegui enxergar claramente durante o ano que me dediquei à terapia.

Foram muitas as fases desse período em que perscrutei meu interior. Notei uma agressividade latente, que não era exteriorizada, uma necessidade de ser reconhecida pela minha competência, os buracos que não foram preenchidos durante a infância. Na Unipaz enxergo a oportunidade de avançar mais no sentido de acessar os meus sentimentos, desenvolver a compaixão e me integrar a outras pessoas. É um desafio difícil pela minha dificuldade de me expressar mas, por outro lado, sei que se me abrir aos poucos vou alcançar esse objetivo. É nesse sentido que vai o meu esforço.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Quero-te para ti mesmo

“Não te quero
Só para mim
E nem poderia
Quero-te
Para ti mesmo
E para tua
Prórpia vida
Quanto mais
Fores o que
quiseres
Mais serás o
Que eu queria…”

Para mim este poema do Luiz Poeta é o resumo mais perfeito do amor verdadeiro. Ele tem muito a ver com um dos preceitos éticos que estou estudando na Unipaz, que á e não-violência.

Pausa para um breve comentário: como não amar um curso cuja base são os princípios éticos? Muito amor.

Agora voltando ao que interessa. Não digo que seja fácil amar de forma livre e espontânea. Mas acho que enxergar isso como um ideal a ser alcançado com certeza produz mudanças muito necessárias na forma de nos relacionarmos com as pessoas.

Sinto que, após muitos tropeços, meu relacionamento amoroso caminha para esse sentido. Com o Rodrigo sinto que expresso o meu lado mais bonito, aquele que eu gostaria de também poder dedicar a outras pessoas mas que ainda não me sinto devidamente preparada.

Eu realmente o aceito exatamente como ele é, não exijo mais atenção do que ele pode me dar, nem um romantismo que nele inexiste (felizmente), nem mesmo que melhore o seu mau humor genético (bom, sendo sincera, talvez seria bom ele melhorar isso aí...rs). Para mim ele é perfeito dentro da sua própria imperfeição.

Estava lendo exatamente sobre isso no livro Yoga do Coração, que é de leitura obrigatória no curso. Veja se tem como discordar do que a autora diz:

  • “A yoga considera a exigência um ato de violência. É evidente que as exigências causam grande dificuldade aos dois lados envolvidos”.
  • “Toda vez que você exige que outra pessoa se amolde à sua concepção de como deve ser o amor, você faz mal a si mesmo e à outra pessoa. Se você estiver praticando de fato a não-violência, você jamais vai querer que a pessoa que você ama seja responsável pela sua felicidade”
  • “O amor verdadeiro deixa o ser amado ser o que ele é - não o que você acha que deve ser. A tragédia do amor romântico está no fato de que, na maior parte das vezes, o amor só existe quando ‘você é do jeito que eu quero’”.
  • “Se eu exijo que você me ame, isso significa que não estou me amando o suficiente e que, portanto, eu quero que você forneça o que me falta”
Já pensou que maravilha a vida seria se todos amassem dessa forma? Que leveza teríamos nas nossas relações?

Yoga, sua linda!

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Hoje não

Tem horas que acho graça de mim. Ontem mesmo tentava justificar a uma amiga (vamos todos fingir que não é a Maria Cristina) a necessidade de pausa na busca por evolução espiritual para antes resolver algumas pendências com uma pessoa que me leva às raias da loucura.

Não deixa de ser engraçado mesmo. É mais ou menos como aquele pessoal que fura a fila do banco, estaciona em vaga de deficiente e depois se enrola na bandeira e vai para as ruas pedir o fim da corrupção.

Não cola, né?

Se é para fazer, vamos fazer direito. E, por mais difícil que seja, sei que não devo procurar desculpas para uma “pausa na evolução”.

Ainda não descobri a forma de lidar com o problema (as “soluções” que encontrei até agora só envolvem diferentes formas de agressividade), mas ontem ao chegar ao ápice da minha irritação concluí que é hora de olhar para essa minha agitação interna.

Minha terapeuta sempre me dizia que, se alguém me irrita muito, o problema está dentro de mim, não no outro. Tenho dificuldade em entender isso quando a falta de noção alheia me parece tão evidente! Mas na terapia, olhando mais a fundo, eu sempre encontrava realmente as causas.

E essa pessoa em questão vai me obrigar a isso. E, no fundo, sei que tenho de agradecer por ela estar me forçando a crescer. Ainda vou fazer isso. Mas não hoje.