sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Não há tempo a perder


O Rodrigo tem dessas. Ganha um livro legal por ser repórter de cultura e depois simplesmente se esquece de levá-lo para a casa. Eu já podia ter lido há muitos dias “Amyr Klink - Não Há Tempo a Perder”. Mas daí a adorável Lei da Sincronicidade não existiria, e o livro cairia na minha mão em um momento em que eu estaria pouco interessada em pensar sobre mudanças.

Então, assim como não há tempo a perder (o do título do livro), há o tempo certo para tudo acontecer. E o livro apareceu justo quando eu comecei a retomar as reflexões sobre a minha vida.

Tenho já há uns três anos tentado rever um pouco da minha trajetória e realinhá-la aos meus novos anseios. Não é fácil porque o medo do novo impera. E, no meu caso, um medo muito grande da instabilidade. Sim, já avancei muito no curso da vida sobre impermanência. Só que, quando tudo volta à normalidade, a gente teima em esquecer o que aprendeu.

Daí vem o Amyr Klink e fala disso tudo de um jeito tão sereno, tão sutil, tão cheio de sabedoria. Não tem como não se apaixonar. É até engraçado como ele calcula tudo minuciosamente para captar até os imprevistos, mas sabe que nem todo planejamento do mundo consegue dar conta deles. Na hora em que é necessário, ele sabe se desapegar do projeto e responder à vida conforme solicitado. Parece fácil, mas é difícil.

O que mais tem me encantado no livro - que ainda não terminei pois estou saboreando - é que só conhecia bem superficialmente seu lado aventureiro, sem saber de todos os seus sacrifícios para fazer tudo o que fez. Para quem acha que sabe tudo sobre liderança e trabalho em equipe, o livro não é nem recomendado - é uma leitura obrigatória mesmo.

E não tenho como deixar de admirar ainda um homem que é crítico dessa cultura distorcida do sucesso que hoje temos, que só enxerga a glória sem sacrifícios e humildade. Na verdade nesta cultura torta em que o sucesso precisa vir de qualquer jeito - mesmo como consequência de ações sem caráter. Não colaborou no cotidiano do barco e quer aparecer na foto da linha de chegada? Esquece! Adorei essa parte (rs)..

Nem foi assim tão jovem que ele decidiu dar adeus à burocracia bancária para cair mar adentro fazendo o que realmente era significativo para ele. Porque viver uma vida que ele não queria era o mesmo que a morte. E não fazer o que a gente gosta não é uma morte lenta? Ou a gente encontra prazer naquilo que já faz ou, se não é possível, parte em busca de novos horizontes. A qualquer momento da vida. É assim que ele pensa. Como não concordar?

Inspirador.

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