Normalmente
confundimos ansiedade com medo. Por isso, o
primeiro passo rumo à cura da ansiedade é distinguir o que realmente se passa
dentro de você.
Ao lidarmos com
alguma situação de violência, como um assalto por exemplo, reagimos com medo.
Trata-se de uma resposta física a uma ameaça verdadeira. A
ansiedade, por outro lado, nada tem a ver com a reação a algum perigo real.
Experiências anteriores traumáticas, exposição a conteúdos violentos e incertezas
em relação ao futuro podem ser a chave que aciona inesperadamente o quadro
indesejável.
Como perceber o que
acontece com você?
A resposta não é
tão simples, mas é possível ir tateando aos poucos para descobrir. Pessoas que
evitam entrar em avião estão trazendo muito mais uma resposta da ansiedade do
que vivendo um sentimento real de medo. Mesmo sem elementos que comprovem o
perigo iminente – afinal, o avião é um dos meios de transporte mais seguros que
existem -, muitos se apagam a lembranças como notícias de acidentes aéreos.
Nesse caso a ansiedade pode ser paralisante e impedir que a
pessoa viva sua vida de forma plena.
Alguns elementos
podem te ajudar a enxergar como a ansiedade tem dominado os seus dias. No
livro Yoga para Ansiosos, a psicoterapeuta e professora de yoga
Mary NurrieStearns e o professor de meditação Rick NurrieStearns elencam as
cinco facetas da ansiedade. Vamos a elas.
1. O hábito de evitar. Aqui é justamente
o medo de ter medo que paralisa. Por medo de entrar em pânico no ar, a pessoa
simplesmente evita entrar em um avião. Ou por medo de se envolver em algum
acidente, se recusa a colocar as mãos em um volante. O desconforto com a
ansiedade é tão grande que a pessoa enxerga como mais reconfortante evitar as
situações em que é acionada.
2. Corpo em
desequilíbrio. As causas da ansiedade podem ser de algum desequilíbrio no corpo, como
mudanças hormonais, química cerebral, drogas, moderadores de apetite. Nesse
caso, vale lembrar do que dita a doutrina advaita: nada se passa na
mente sem que o corpo manifeste e que nada se passa no corpo sem que a mente
acuse. Por isso a receita é trabalhar em todas as frentes para reequilibrar o
organismo.
3. Trauma revivido. Às vezes o perigo
foi realmente enfrentando e se torna algo crônico em sua vida, recriando
continuamente a situação. A mente interpreta que o perigo ainda está ali e você
não tem como evitá-lo. O trauma, registrado no corpo, se perpetua e pode até
mesmo criar impulsos autodestrutivos.
4. Crença de que há
algo errado em você. Um equívoco comum é identificar-se com o seu próprio ego ou com o seu
Eu Inferior, dando-lhe uma eterna sensação de inadequação ou de que não passa
de uma fraude prestes a ser descoberta. A yoga permite entrar em contato com o
Eu Superior, ou Eu Verdadeiro, aceitar a existência do seu Eu Inferior e, aos
poucos, perder a identificação com o seu ego. Aos poucos vamos nos aprofundar
mais neste assunto, que é complexo.
5. A corrente poderosa. Uso aqui as
palavras dos próprios autores para que você tenha uma melhor compreensão do
assunto. “Essa faceta da ansiedade é uma forte subcorrente difícil de
classificar. É uma energia que puxa você para baixo e lhe dá a impressão de que
vai morrer. Lembra um ataque de pânico, mas tem uma qualidade diferente. Pânico
é coração disparado, falta de ar, puro terror com duração limitada. Essa
corrente o puxa incessantemente para baixo. Imersa, surge do inconsciente
coletivo, da memória celular ancestral, da vida passada, da kundalini (energia
da consciência que nos afeta psicológica e espiritualmente), da ansiedade
social ou de uma combinação de tudo isso.”
É importante
registrar algo muito importante antes de iniciar estes trabalhos.
Infelizmente o mundo não vai mudar para que você se sinta melhor.
As informações sobre violência vão continuar chegando, as incertezas da vida
irão continuar, o medo vez ou outra pode aparecer. Mas ficar paralisado nessa
angústia é uma opção. Outra, bem melhor, é usar as ferramentas para lutar
contra esse pequeno monstro chamado ansiedade.
E sabe
porque a yoga é um bom caminho? Por que ela muda o padrão do seu cérebro
por meio do relaxamento, como muitas pesquisas científicas já comprovaram. Se,
ansioso, você experimenta o coração acelerado e os músculos retesados, a
respiração rasa, transpiração excessiva e redução do fluxo sanguíneo, frente ao
relaxamento você é capaz de desacelerar a frequência cardíaca, melhor o sistema
imunológico, desacelerar as ondas cerebrais e melhorar a sensação de
bem-estar. O corpo recebe a informação de que está tudo bem e a mente
segue o mesmo caminho.
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